Considerado por muitos o maior álbum de jazz de sempre (o que quer isto signifique), Kind Of Blue (1959) reúne um naipe de assombro: além do próprio Miles (trompete), Cannonball Adderley (sax alto, segundo solo), John Coltrane (sax tenor, o terceiro a solar) e uma secção rítmica do outro mundo: Bill Evans (piano, quarto solo), Paul Chambers (contrabaixo) e Jimmy Cobb (bateria), impressionante nos 11'33'' -- o único sobrevivente desta gravação e que eu tive a sorte de ver tocar, no Estoril, há alguns anos.
Em baixo, Miles Davis superstar aos 65 anos, em França, em 1991, ano que foi também o da sua morte. Pontificam Chick Corea (piano) e Dave Holland (contrabaixo), mas atenção também aqui ao trabalho do baterista, Al Foster, forçosamente diferente do de Cobb. Aliás, não se pode comparar a filigrana sonora permitida pelo conforto do estúdio com o resultado dum concerto ao ar livre para milhares de pessoas. O melhor é ouvir os dois.
Depois da introdução de Winton Kelly ao piano, da exposição do tema e duns compassos caribenhos, aos 55 segundos o sax tenor de Griffin ataca e contagia, imparável, até aos 3'18'', passando o testemunho a Hank Mobley; segue-se Lee Morgan à trompete; o último sax a entrar é o de John Coltrane, que bem que se percebe!; fecha a secção rítmica, Kelly, Chambers e, sempre notável, Art Blakey em diálogo com Griffin de novo. Standard da autoria de Jerome Kern, edição de 1957.
Em baixo, Griffin com o grande Dizzy Gillespie a fazer as despesas do arranque, trinta anos depois; Slide Hampton, Hank Jones e Ed Gomez solam e swingam sem perderem o aprumo; na bateria, Ed Thipgen não sola, mas está em todas.
Precedido duma introdução quase marcial da bateria, um lençol sonoro de Coltrane, durante algum tempo acompanhado apenas pelos pratos, depois bombo e por fim tarola; cadência do piano e aceleração de Paul Chambers, no contrabaixo, a segundos do fim, com citação de Tune Up, de Miles Davis.
Em baixo, o combo de Graeme Wilson.