Não sei há quantos anos, vi na RTP2 um documentário sobre o Glenn Gould, já bem acabado, e fiquei, contra os meus planos dessa noite, especado contra a o ecrã. Aquilo era um pouco opressivo, o canadiano solitariamente agarrado ao telefone; depois, aparecia sentado ao piano, de onde se soltavam aquela notas do Bach.
Muito melhor que eu, diz Manuel de Freitas: Talvez tudo fosse diferente / se o mundo tivesse começado tão bem / como as variações Goldberg («BWV988», [SIC], Lisboa, 2002), ou, também este, que reencontrei agora quando procurava a referência deses versos:
GOULD, 1981
Deixo-vos isto
em morte.
dedos como nunca mais,
o que demasiado sabemos
-- por falta de saber,
por nada.
Mostrei, com extremo vagar,
o inventor de Deus,
um homem como eu.
Não, não é bem assim.
Não há homens como eu.
prefiro a noite
de que sou feito
e fujo.
Canadiano, morto,
quase posso jurar que existi.
Manuel de Freitas, Büchlein für Johann Sebastian Bach, Lisboa, 2003.
em baixo, com uma escolha de fotos de altíssimo nível
fazendo jus a
música e letra perfeitas
Try to think
That loves not around Still it's uncomfortably near My old heart Ain't gainin' no ground Because my angel eyes ain't here
Angel eyes That old devil sent They glow unbearably bright Need I say That my love's misspent Misspent with angel eyes tonight
So drink up all you people Order anything you see Have fun you happy people You drink and the laugh's on me
Pardon me But I "gotta run" The fact's uncommonly clear Gotta find Who's now "Number One" And why my angel eyes ain't here Tell me why my angel eyes ain't here Excusez-moi my angel eyes ain't here Excuse me while I disappear
É uma grande canção de amor -- e parece que escrita mesmo a pensar no Dylan, mas isso interessa-me pouco. Prefiro destacar a voz sem azedume de Joan Baez e o dedilhar da sua guitarra. Do álbum homónimo (1975), letra aqui. Em baixo, Baez com Judy Collins no Newport Folk Festival, 2009.